“Sim à paz ... mas cuidado com a ‘guerra dos loucos’” espetáculo diplomático-militar entre Nicolás Maduro e os EUA
Na contramão de toda sutileza diplomática, o presidente venezuelano Nicolás Maduro lançou seu mais recente apelo em inglês improvisado às Forças Armadas dos Estados Unidos da América: “Yes peace, forever peace. No crazy war!”.
Sim, paz mas acompanhada de mísseis russos, tanques chineses e 73 pontos de exercícios ao longo da costa venezuelana. Porque nada diz “queremos paz” como um desfile de poderio bélico em série.
O contexto dessa serenata bélica
Nos últimos meses, a escalada militar dos EUA no Caribe e na costa venezuelana ganhou forma visível: destróieres, submarinos, bombardeiros B-1 operando próximos à Venezuela oficialmente treinos, segundo Washington, mas interpretados em Caracas como “pré-invasão” ou “mudança de regime disfarçada de combate às drogas”.
Maduro acusa os americanos de “assédio militar e provocação imperialista”.
Em resposta, ordenou exercícios militares em 73 pontos da costa e anunciou que a Venezuela possui equipamentos russos e chineses para “garantir a paz”. Saiu de “queremos paz” direto para “mas se você vier, vamos receber você com tudo”.
E não é exagero: os EUA afirmam ter abatido pelo menos 37 pessoas em operações contra navios suspeitos de tráfico de drogas.
As contradições dignas de um roteiro de comédia ácida
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Maduro clama por paz enquanto anuncia milícias preparadas, exercícios militares e armas modernas tipo “queremos aconchego, mas com caveirão na porta”.
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Os EUA dizem que seu foco é o tráfico de drogas, enquanto Caracas rebate dizendo que “a real missão é regime‐change” e analistas observam que os barcos destruídos (alguns com civis a bordo) levantam dúvidas sobre legalidade e proporcionalidade.
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O líder venezuelano utilizou o inglês (“No crazy war, please!”) para mandar recado aos EUA, mas o que ele faz em paralelo? Mobiliza tropas, manda mísseis russos para patrulha e convoca apoio chinês e russo. Ou seja: “queremos paz, mas trouxemos o conflito para casa”.
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Caracas reclama de invasão quando naval norte‐americana aparece no Caribe. Ao mesmo tempo, prepara tropas nas fronteiras, diz que vai decretar emergência e que está pronta para o pior cenário ou seja: “Não queremos guerra... mas estamos prontos para ela”.
O que está em jogo
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Soberania vs intervenção: Para Maduro, qualquer movimento militar norte‐americano próximo é “intervenção imperialista”. Para os EUA, trata‐se de operações de “contra-narcóticos” e defesa da segurança hemisférica. As linhas entre soberania e segurança parecem pequenas demais.
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Imagem pública e interna: Maduro precisa mostrar que manda mesmo que, no plano doméstico, sua popularidade esteja abalada por crise econômica e protestos. O aparato militar serve tanto para assustar potenciais atacantes quanto para reforçar o poder interno.
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Risco de escalada regional: Um problema no Caribe ou no litoral venezuelano não ficaria confinado à Venezuela. Estados vizinhos, população civil, tráfico humano e de drogas, complicam o tabuleiro geopolítico.
Por que isso importa para você, caro leitor
Porque isso não é mais somente farol vermelho no mapa latino‐americano. Virou filme de ação com drones, mísseis, navios e discursos sarcásticos e a plateia somos nós. Cada passo dado por Caracas ou Washington nesse tabuleiro pode ter consequências para segurança regional, para os mercados de petróleo, para migração e para o bem-estar das populações vulneráveis no Caribe e além.

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